terça-feira, 14 de junho de 2011

Poeteiro Maluco.

Sou místico, um astrólogo autodidata
Feito mistério envolto no mundo
Sou fogo leonino, aquele feixe de luz do astro rei
Eu sou o Soul e a poeira que o vento tirou do chão pra voar
Sou a semente pecadora, que espalha-se em bando de grão em grão
Até crescer como árvore de desejos
E desabar feito você em meu peito

Sou espelho quebrado, desmonto o desmontado pra prestar
Sou relógio sem ponteiro, o poeteiro maluco 
Louco cogumelo colorido de ilusão
Que sonha em nunca acordar 
E anda de costas pro tempo voltar

Sou facilmente refração
E fragmentos dos outros
Porque somos feitos do que nos passam
E fazemos os outros no que deixamos
Ninguém é nada sozinho
Mas eu também não sou ninguém
É o que dizem os gnomos do jardim.

domingo, 12 de junho de 2011

Não lembro muito de como a conheci
Foi algo tão natural e rápido
O momento ideal não teve
Mas foi o suficiente
Pra saber que ela não seria a pessoa certa
Ela era perfeita
Mas perfeitamente tudo o que eu não queria
E sua mania de piscar freneticamente
Não agradava meus olhos
Que só queriam ser fixados pelos olhos dela
Por isso gosto dos espelhos
Eles mostram exatamente o que quero ver.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Maria de Todos os Santos.

Não é somente Maria
É a semente de se encontrar e se perder
Naqueles olhos em stéreo
Somos mistério aveludado em seu vestido
Constelação de Virgo, que nos enlaça a retina
Amorosa em sua fonte estendida de nós

Maria é o perdão dos pecadores
É o pecado de todos os santos
É a corôa de Cristo e o beijo de Judas
Não é apenas Maria
É Maria de todos os santos
De todos os prantos, que a ela confiamos

Com Maria o tempo morre em sua boca
E nasce em miudezas de fragmentos futuros
Dos apuros passados em seu corpo
Da sua flauta livre e traidora do seu canto
Não é como tantas outras Marias
É Maria de todos os santos
De todos os pecados que revela o pensamento.
Ela me trama, me trata feito vagabundo
Diz que faço e perfaço tudo errado
E calado tenho que aceitar
O ordenado desmedido
Do seu jeito perseguindo meus passos
Mas ela se esquece todo minuto
Que eu que a chamei pro mundo
E a retirei do fundo que ela criava
Pra se isolar dos outros
Levando uma vida cega de si
E ainda quer que eu fique mudo
Diante das miudezas de suas prosas.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Troca.

Se você segue em linha reta
Eu faço a curva
Se tem medo de água
Eu pego chuva
Se és de família
Eu sou do mundo
Você gosta da beira
E eu do fundo
Não crê em nada
Eu acredito em tudo
És sempre a mesma
E todo dia eu mudo
Você fica muda
Eu nunca calo
Adora ficar em casa
E eu na rua
Você deixa a porta se fechar
E eu estou sempre ali para arrombar.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Vontade inventada pelos cantos
O real nunca é suficiente pra quem quer mais um tanto
Permanente ilusão dormente
Que paira cansanda nos ombros alheios
E revela o segredo extraviado pelo vento
Em sentido desmentido do acaso
Vida torta, realidade morta
Lugar de fantasia embriagada pela fonte
Da ponte descuidada, ébria, nada calada
Como realejo stério do meu desejo
Mistério da beleza do mundo
E tudo que mais belo existe na resistência do ego
Visão encavernada de quem não se inventa
E vivem em um mundo sendo tão poucos
Distantes de todos os loucos que vivem sendo mais de um
Que encontram um novo tempo
Onde lá também podem ser vento
Ou se fazer feito chuva caída no leito do rio.