quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Menina de Areia.

Menina de areia
Da pele morena
Do sol de meio-dia
Amo tudo nela
Os olhos, o jeito
E até sua pior mania

Menina de areia
Maravilha venenosa
Quando se joga nas ondas
Adoça o mar feito mel à melar
Na chama do céu
Na chama do mar

Menina de areia
Seu corpo de sereia
Eu quero amar
E quando em mim
Seu veneno tocar
Assim vai ser e será

Menina sereia
Penteia os cabelos
Que o vento quer levar
Se joga na areia à rolar
E a pele bronzeia
Aos raios do sol  dourar.

As Américas.

Antígua e Barbuda sem ofensas
Caras Barbados 
E com Costa Rica de pecados
São as Américas
Crescendo e perdoados
Honduras como rochas
E pensamentos comuns
Que sonham em ter
Seus Estados Unidos
Não de mentiras
Nem de derrotas
É a América
A terra que El Salvador mora
E chora querendo salvar
Raças, cantos e culturas
Iluminando vidas escuras
De guerras passadas
De guerras futuras
E Haiti se não tiver
Tom nem tino pra viver
Porque o Canadá seu destino
Sem Granada e Equador
Nações em paz, música e cor
E qual é mesmo Suriname?
São Cristovão
E palavras que vão
São Vicente
E amor que se sente
São Pedro e suas Bermudas
Santa Lúcia
Bambas e miúdas
Argentina tristezas
Agora vivemos com belezas
Porque nas Américas
A vida é alegre
E ainda tem o país de ouro
Do samba, do choro e do baião
Da vida pincelada no anil
Não pode faltar o meu Brasil.

domingo, 19 de dezembro de 2010

El Borracho.

El borracho na corda-bamba
Visão dual, voz que canta
Tropeça na peça
Reza pra não cair
E pede pra não pedir
Em um dia ficar sóbrio

El borracho na corda-bamba
Tem samba, tem gingado
Tem idéias e vive embriagado
Fé no universo
Que em versos se escreve
Antes de capotar

No concreto caminha só
Na luz da lua, na luz do sol
Garrafa na mão
Cigarro junto ao peito
Óculos escuros
E todo aquele jeito
De sujeito agitado
Bebendo frente aos mares
Levando filosofia por todos os bares

El borracho e seu cigarro
El borracho e seu gingado
El borracho e sua garrafa
El borracho e suas poesias
El borracho e suas manias.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Bordada de Flor.

Você desfila distante
Das minhas estradas
De terra Tupi
Acorda e ver o sol
Olhando pra você
Como quem diz:
'Vem, eu gosto do seu cabelo vermelho'

Todos os espelhos
Se apaixonam por você
E por essa beleza de menina
Que transforma fantasia em realidade
E me trás tamanha felicidade
Como nem uma outra alegria

Você gosta de música
Sol, calor e mar
E eu me contento
Em apenas te amar
Feito relógio lento
Assim bem de vagarzinho
Pra mais tempo poder te olhar

Iandê adora o aram
E eu adoro iandê
Você adora o sol
E como eu adoro você

Tem o corpo todo bordado
Pelas mais belas flores
Que em cores tatuam
Toda sua parte mulher
Que não despreza
Aquele jeito de garota
Pelo qual eu me apaixonei

Meu bem, como eu quero te ver
E bagunçar seu cabelo liso
Ouvir Caetano, Gil e Chico
Olhando pra lua refletindo no mar
Acender uma pequena fogueira
E queimar todas as suas tristezas escondidas
Só pra te alegrar.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Segredos Extraviados.

Queria ter olhos gigantes
Olhos de uma águia
Uma visão de luneta
Uma visão aumentada
Pra poder enxergar
O mistério de todo o planeta
E descobrir aonde
Segredos extraviados vão parar
Pode até existir uma caixa
Onde se guarda segredos
E sonhos esquecidos
Ou o mistério de todo o infinito
Pode está perdido no céu
Ou flutuando no mar
Pode está também protegido
Nos olhos de alguém
É só tentarmos olhar.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Videira de Dionísio.

É a loucura que insana
Os nossos instintos mais sacanas
Torna vivo o prazer mais escondido
E enlouquece os neurônios da razão
Deixando tudo mais aberto ao coração

Então vamos todos perder o juízo
Deixar que o Deus Dionísio
Nos permita descompensar

Todos iguais o Festeiro Dionísio
Que nos convida a disfrutar
Da sua videira insana
Embebida por transes
E enlouquecida por transas
De amores escondidos

Vamos subir os relevos do pescoço
Em um tempo quase morto
Pra todos se tornarem loucos
E poucos quererem sofrer

Vamos todos perder o juízo
Deixar que o Deus Dionísio
Nos permita descompensar

E Ele nos convida a sentar
Com Sileno, Sátiros
Centauros e Ninfas
Tocar as flautas douradas 
E embriagar nossas almas com amargas vinhas.

O Samba de Maria Alegria.

Lá vem Maria Alegria
De sapato branco
Sambando e criando fantasias
Pra todo mundo dançar

Mas veja bem, ô Maria
Esse samba só trás alegria
Pra quem já te viu passar
Com esse seu sapatear seguro
Fazendo todo mundo cair na sua graça
E tornando até a desgraça em coisa boa

Ô, Maria Alegria, você é de todos
Mas confesso que muito já te quis
Sambando na pista
E retirando todas as pistas
De quem você já amou

Termina o sambado
Sorrindo e encantando
Todos que estão à te olhar
Me deixando relembrar
A sua pele morena
E sua boca pequena
Que eu sempre quis beijar

Ô, Maria Alegria
Ô, Alegria de Maria.

A Farsa da Santa.

E some e some
Esquece meu nome
E devora minha garganta
Destrói, arrasa e finda
De tudo muito mais que linda
Ainda te quero como santa

E reza e reza
Com enorme devoção
Mas no meio da noite
Some e corre depressa
E não tem prece
Que segure esse coração

Missas, terços e santos
Sambas, amores e cantos
É dissimulada
Assim meio atirada
Rouba, engana e mata
E mata de tanto amor
E mata de tanto amar
Essa é a farsa da Santa

O dia em você se mescla
A noite em você é festa
E nos teus braços o calor
E nas tuas mãos minha dor

Com o pudor das Santas
De todos que amou
Tira lágrimas das gargantas
E depois esquece e cresce
Todas as preces que antes orou

E depois de todo mal
Que você me causou
Eu que vou rezar
Você que me incendiou
E eu que vou pagar.

Trágico Tucano.

Tucano,Tucano
Por cima do cano
Você já olhou
E apesar de cigano
Filme mexicano
Por de baixo do pano
Você desmaiou
Cuidado Tucano
Que por mais de um ano
Sofreu tanto dano
E quase morreu
Mas apesar de mundano
Tem amor de humano
Azar e engano
De quem já viveu.

Amar Sem Pudor.

O amor é um fado popular
E pra tê-lo basta se entregar
Num olhar que sabe te dizer
‘O quanto eu vivo pensando em você’

No peito aberto
Vai pra perto
E não parcele o seu amor
Pra quê pudor? Pra quê pudor?
Entrega-se por inteira
Na beira da cachoeira
E esqueça toda dor

Ame sem medo, se descobre sem erro
Em cores de paixão pujante
Procure ser amante
E encontre o tal galante
Que pescou o seu olhar

E se achar que amar é um fardo
Então, tudo se finda
Nem tu te tornas linda
Ao olhar de um vagabundo

Você é um mistério guarnecido
Pra quê deixar morto, a beira do porto
um amor bem parecido
Vai, assim congelando seu coração
E acostumando-se só, se perdendo em você
Até se entregar à solidão.

Reflexo de Você.

É tão bom acordar cedinho
E ver seus olhos, negrinhos
Olhando pra mim

Anoitinha, depois de tanto me olhar
Você sai mansinha sem me avisar
Então eu durmo te amando
E você se diverte beijando
Outro que não seja eu

De madrugada, você chega cansada
E não deixa de me dar aquela espiada
Que algum segredo escondeu
Deita calada, suspira apaixonada
Enquanto eu admiro toda a sua beleza

Mas que tristeza ter apenas uma bela moldura
Um amor que não perdura
Ser apenas o reflexo de você
Mas quem dera eu
Poder receber seu beijo vermelho
Você é uma bela garota
E eu o seu simples espelho.

A Procura de Você e Embusca de Mim.

Você fugiu de mim
Viajou pra longe
Levando consigo meu coração
Agora caminho por todo o sertão
A procura de você e embusca de mim

Tento chamar por nós, mas é impossível
Você raptou minha voz
E todas as palavras bonitas
Dedicadas à você

Meu bem, vem mais pra perto
E não esqueça de me trazer junto
Me deixa gritar ao mundo
'Que eu sou seu'
Aonde está você e eu?

Não finja que não me ouve
Nem minta que não me ver
Minha alma  está com você
E nas tuas mãos meus olhos com lágrimas
E nos teus ouvidos minha voz
Sussurrando pelo avesso
Tristezas de nós dois.

De Nada Vale Sem Sinceridade.

De nada vale um abraço
Se não for entregue com amor
Com a mesma alegria que recebe-se uma flor
Um abraço apertado
Um carinho ganhado
Com tamanha paixão

De nada vale um sorriso
Se não for cedido com sinceridade
Que não engana nem mata a verdade
Um sorriso delicado
Um olhar apaixonado
De quem quer amar

De nada vale morrer
Se não for por um amor
Amar não mata de verdade
Só mata de saudade
E do medo da liberdade
Que pra ela entregou

De nada vale chorar por alguém
Se não houver o ‘eu te amo’
Que não envelhece com o passar do ano
Um chorar soluçante
Uma lágrima berrante
De tanta emoção

De nada vale um beijo
Se não escutar os pássaros cantarem
Os prazeres raros
Que só um beijo tem
Só um beijo tem.

Extremos.

Nesse mundo dividido
Partido por diferenças
Pretendo conciliar extremos como
A carne e o espírito
O pecado e o perdão
A juventude e a velhice
A razão e a emoção

E por consequência
Transformar a tristeza em algo bom
E num tom de desejo
Limpar os esgotos
Que a gente sujou

Mesmo com xingamentos baratos
Passos incrédulos de amor e ódio
Me atiro em cheio
Em não especificar
Não dividir, apenas agregar

Mudar todo esse estado careta
Em algo verdadeiramente humano
Salvando vidas embebidas pela morte
E dando um coração
À quem tem um grão em corte.

Ponto e Basta.

Em uma mão te trago flores
Na outra entrego  meu coração
Ainda pulsante e lavado por sangue
Que você converteu, quente de desejo
Ao mesmo tempo frio de desamor

E com você tudo é nada
Pois comigo é tudo e mais nada
E a vista do seu rosto quem eu sou?
Quanta mentira é o amor
E quem disse que não gosto de mentir
De me esquecer nos teus olhos?

Eu te quero de todo jeito
Sendo minha pelo avesso
E te falando pra todo sempre
”Que estás convertida, guarnecida e adorada”
E é assim que eu te amo: não me querendo, ponto e basta.

Prato Sem Comida.

Se carece
De uma prece
De um prato
Cheio de comida
Se atire no lago
Do lado do largo prato de comida
E no Brasil
Só um problema
“Café,almoço e janta”
E se a vida é pequena
Pra parar a fome
Delírios, frios e calafrios
Que tal a morte?
Morte pra matar a fome
De quem nunca come.

Um pouco mais de tudo.

Nesse mundo que definha
Adivinha o que é que falta
Palavras vomitadas de tamanha desgraça
Menos hipocrisia e falsidade, mais rock, mais atitude
Um pouco mais de tudo
Tirar o controle da felicidade humana
Das mãos piedosas de Deus
E entregá-lo ao ser humano
Talvez assim o mundo fique mais soberano
E em um olhar mais pessimista, ainda que realista
Vai haver gente sem preparo
Pra controlar a própria felicidade
E esse pedido são para os desgraçados, miseráveis           
E de coração congelado
”Trate as feridas oprimidas
De quem não tem dignidade
E controle toda a felicidade
De quem não tem tom nem tino pra viver
Mostre que o destino não está palpável nas mãos
E que o amor está tão vizinho”
Só precisamos de um pouco mais de tudo
E uma vida boa, um tanto mais atoa
Pra tudo acontecer.

O Segurança e a Enfermeira.

O segurança do consultório
Escondia um amor notório
Pela enfermeira do hospital

Com amor nas gargantas
Corações e flores
As escondidas se olhavam
Atrás das portas se amavam

A enfermeira toda fasceira
Aplicava injeções de amor
E o segurança sem eira nem beira
Como um rei a conquistou

Ele à protegia de todo o mal
Ela o curava de mágoas ainda em feridas
E neles o amor crescia, crescia
E carecia de uma vida imortal

Todos já sabiam
Daquele romance ‘secreto’
Mas eles ainda escondiam
Aquele amor concreto
Visível só por quem já amou
E sonhou, sonhou.

Soneto de Clarissa.

Cantarolava como uma cotovia
Nunca parava de cantar
Deixava-me repleto de alegria
E a vizinhança à sonhar

Chamava-se Clarissa
E amava o luar
Tão clara quanto a brisa
Que um dia eu quis achar

Certa manhã seu coração parou
Clarissa se foi, mas deixou uma flor
A vila descontente por ela chorou
Sentiram a mazela de uma enorme dor

Da flor brotou uma bela cotovia
Que por ali ficou
Era Clarissa, que devolveu a alegria
Que ao partir levou.

Ônibus Vermelho.

Ônibus Vermelho, não fique triste assim
Não borre meu rabisco
Nem com lágrimas, nem com pingos
Quero te ver sorrindo, rindo, só rindo pra mim

Ônibus Vermelho, não fiques só
Da sua janela vejo tantos passos
Do seu banco outros tantos traços
Deixe que o vento passe por mim
Não me esqueça em um triste jardim

Ônibus Vermelho, quero você perto
Contorne meus passos cansados
E na batida do Blues
Seja meus lindos sapatos

Ônibus Vermelho, peço que fique
Me risque, me rabisque
Com o vermelho do seu coração
Do seu coração tão só.

Soneto Cruel de Matar.

Oh, vida cruel de matar
Que me corrói pouco a pouco
Que nem no porto
Me deixa afogar

Afundo minh'alma no mar
Meus pés tocam o oco
Minha lira nem mais um pouco
Me deixa te esperar

Meu pensamento toca teu laço
E parece que já está indo
Perco-me no meu cansaço

De um amor que virou aço
De um olhar que não está sorrindo
De uma vida que virou traço.

Meu Único Defeito.

Desalento, suspeito, perfeito
O meu único defeito é te amar
Te nego, te pego, te levo
No eco de te chamar

Canta, encanta, dança
Ao som do Samba
Parece flutuar
Lenta, contenta, atenta
Não senta nem pra descançar

Gente contente e carente
Em todo continente
Só querem te olhar
Sambando, amando, flertando
Só estão esperando
Um sorriso brilhar

E na noite finda
Você ainda linda
Um adeus nos dar

E no meu
Desalento, suspeito, perfeito
Ainda o meu único defeito
É te amar.