terça-feira, 19 de junho de 2012

Quero ficar na tua mão por mais um tempo
Ser o vento que desenha as curvas do teu corpo
E cravar teus pensamentos em minha pele
Feito o sal que salga as águas doces
Pra virar infinito em várias noites

Quero ter o amargo da tua alma
Que me maltrata a santa carne com teu pecado
E não me deixa esquecer teus lindos lábios
Nem o declínio mas bonito da estrada
Iluminada pela lua já cansada de brilhar.

sábado, 9 de junho de 2012

Canto das Águas

Ouça o barulho da chuva, pequena
Quando o sol cochilar
Deixe que águas da chuva, morena
Te banham pro amor esperar

Guie sua vida olhando as estrelas
E mergulhe nas ondas do mar
Não deixe seu corpo no escuro
Se a última vela do quarto apagar

A flor que nasceu no quintal
É uma vida vindo de lá
Dos ventos leves do litoral
Do fundo das águas do mar

E quando a tristeza vier
Faça da natureza a sua direção
E caso não queira mais viver
Mude sua vida em cada estação

Os astros vão guiando como mapas
E as marés estão sempre mudando
Fazendo do seu corpo um atlas espiritual
Como um ritual dos seres protetores
Moradores das árvores e caatingas
Das profundezas dos rios e oceanos
Salvam a vida dos que correm
Com medo de serem humanos
E nos ensinam a viver de amor
Num tempo de dor e carma
Onde o céu está perdendo a cor
E os palhaços só sabem chorar
O tempo está voltando com luz
E dia desses já podemos caminhar
Sem culpa ou medo de errar
Vamos poder dormir sob sol
E fazer das águas nossa canção
Só existirá alegria no final
Porque no mundo
Todo dia será carnaval.

Viajante Solitário.

Viajou pelas poeiras dando a luz a um sorriso
Mochila nas costas guardando sacrifícios
Com seu tênis gasto e seu passado emoldurado
Escondendo sua solidão no próximo passo

Jovem rebelde de jeans e camisa preta
Estrada errante para alguém sem regras
Ossos quebrados e coração partido
Sempre são bons motivos para se perder

Pegou caronas em caminhões pecadores
Odiando todo aquele cheiro machista
E as conversas de que homens não sentem dores
Não se apaixonam nem contam estrelas no céu

Fez morada na solidão e no vermelho das tardes
Virou o bom selvagem que era nos seus primeiros anos
Uivava em toda lua cheia até o sol nascer em chamas
Deixando a loucura lhe apresentar seus novos amigos.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Queimando nos dedos
E morrendo no céu da boca
Perfazendo o caminho sinuoso do pecado
Desenhando as curvas do seu corpo
Com o traidor desejo do instinto
Que cega a retina e perfura a pele
Sempre em carne viva
Deixando a razão se perder
No imaculado segredo do seu ventre
Que sem regras se consuma
Em um desfrute doce
Envenenando o espírito ameno
E juntando os pedaços de solidão
Fazendo chover um mar
Em todo o deserto do corpo
E que terminam nas águas de amar.

Cinema Francês.

Eu queria ter um romance verdadeiro
Desses de cinema francês
Passear sob as luzes da cidade inteira
E rir do sotaque inglês

Ter uma fazenda
E jantar à luz de velas
Ter esse amor pintado em várias telas

Eu queria ter um romance verdadeiro
Desses de cinemas clichês
Ser heroi, um poeta, um roqueiro
E várias noites desiguais

Eu queria fazer desse amor um belo filme
E ninguém precisaria interpretar
Esse romance não seria passageiro
E não acabaria quando a filmagem terminar.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Mensagem Póstuma.

O seu tempo parou de continuar indo em frente
você teve que seguir as estrelas
quando o sol cansou de nascer
e iluminar seus olhos de mar

Meu ódio era uma desculpa para tentar esquecer
aqueles momentos de dor
que cortavam minha segunda pele
e me faziam chorar suas lágrimas de diamantes

Gostava do seu sorriso irônico
e do seu olhar de ira que fotografava as coisas feias
sempre curioso e assustado
sempre um mistério a desvendar

Cuide daquele anjo que chora
porque agora és ninfa do céu
e o pecado do homem não vai mais chegar em você
seja feliz nesse jardim até a última flor desprender

Seu espírito já não sente mais dor
embora o meu esteja sangrando por ausência
talvez eu ainda consiga respirar por algumas horas
ou o amor talvez me cure, mesmo depois de sangrar.



terça-feira, 3 de abril de 2012

Chuva.

Ela cai e faz acordes dissonantes
e distancia nossos sofrimentos
em cada gota de diamante
como os amantes costumam fazer
derretendo sob nossas cabeças
sempre inquietas e tristes
lavando nossos espíritos
com lágrimas do céu
e banhos astrais
com um perfume quase divino
que molha nossos encontros
e borra o que o destino outrora escreveu.