terça-feira, 26 de julho de 2011

Sobre um Leão, uma Virgem e um Touro.

Deixei partes da minha alma
Nos olhos libertários de um leão
Nas mãos delicadas e seguras de uma virgem
No pensamento sonhador de um touro
Em troca os guardei no coração
E em cada detalhe bonito que encontro
Torno-os presente sempre que sonho
Em um dia poder abraçá-los
E agradecer por serem diferentes dos outros
Gostar de quem nunca se viu
E me fazer amá-los como irmãos
Dia desses matarei a saudade à queima roupa
Tudo isso porque preciso de vocês por perto.


domingo, 24 de julho de 2011

Espírito Adolescente.

Era como descer sem medo pelas montanhas rochosas
Ter as gotas da chuva cravadas como facas em suas costas
Escoar como um rio, que desemboca violento na boca de um dragão
Queimar por dentro como fogo e depois esfriar sua alma com a brisa
Era como ser um mar feroz, que nunca manda a mesma onda
Um eterno cavalgar montado em um cavalo dourado
Que galopa no vento e te coroa rei 
E nada machuca mais que um olhar desviado
Que uma flauta de som gasto e traidor
Eterno adolescente errático
Espírito que o tempo teima em mudar.


sexta-feira, 22 de julho de 2011

Da minha janela vejo tantas outras janelas
E dessas janelas vejo tristezas
Que até parecem as minhas, só que piores

Ainda bem que não vivo por trás delas
Será que a vizinhança anda assim tão mal?
Ou é culpa minha de escolher a janela errada para olhar?

Meu gato lambeu meus dedos três vezes querendo leite
Depois me contou que não eram janelas, eram espelhos.

Sobre um Quarto.

Naquele quarto branco e preto
Chapéu marrom que guardava todos os pensamentos
Chaplin observador de cenas eróticas
Era colchão na parede pra amortecer a batida
Televisão falhada, dupla imagem, dupla mentira
Uma cama desconfortável de molas cansadas
Arte na parede, desenhos, notícias de jornais
E nossos heróis suicídas, drogados e mal interpretados
Imortalizados em quatro paredes
Uma vitrola surrada sempre tocando o som certo
Que combinava perfeitamente com a lua
Que fazia uma visita toda noite pela janela com grades
Livros espalhados pelo chão e ao pé da cama minhas tristezas
E a beleza de sonhar presente em todos os cantos
E todos os prantos virando um grande mar.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Alguma vez vocês acharam que a realidade não é suficiente? Ou tiveram que tomar algo para ver o mundo nos detalhes miúdos? Alguma vez vocês sentiram seus pés andando, mesmo quando eles estavam parados? Ou escutaram alguém chamando seu nome enquanto caminhavam sozinhos numa rua deserta? Talvez não fosse a morte gritando seus nomes, talvez fosse alguém chamando vocês em pensamento do outro lado do país.
Já observaram casas desconhecidas e imaginaram suas rotinas ali? Ou se perguntaram como sua vida poderia ter tomado um outro rumo se tivesse escolhido aquela segunda opção que havia ignorado anteriormente? Vocês já confundiram sonho com a realidade? Ou amaram verdadeiramente, por alguns minutos, um total desconhecido? Alguma vez vocês amaram verdadeiramente alguém? 
Talvez eu seja maluco, talvez eu seja um grande problema, talvez eu seja insuficiente a mim mesmo, talvez eu seja terra nos olhos do mundo, mas talvez eu também seja os óculos escuros dele. Talvez o meu problema seja o de acreditar demais nas pessoas. Acreditar demais até mesmo em quem nunca existiu. Talvez eu seja como as cartas que eu escrevo e depois rasgo. Talvez eu precise queimar. Rasgar o vento com meu corpo.

domingo, 3 de julho de 2011

Tiro Certo.

Foi como um tiro certo de arma de fogo
E nem um pouco tive medo do disparo
Do embaraço que faz meu pensamento
Quando a vejo caminhando junto ao vento
E fui tomado de delírios e grande amor
Quando seus olhos como bala me acertaram
Foi meio tiro no peito fechado
Jogado no leito em que você me viu sorrir
A querer você como bala perdida cravada em mim.

sábado, 2 de julho de 2011

Ego, Anos e Cantos Perdidos.

Passei anos e anos seguidos da vida
Buscando cantos perdidos
Procurei em todos os cantos
E em anos de prantos também me perdi.

Direção da Noite.

Lá ia eu, meio sonhador pelas ruas caladas
De mãos dadas com todos os meus anseios
E até minhas tristezas festejavam aqueles passeios
Sob a luz das estrelas pinceladas

Minha camisa velha, cheia de furos 
Revelavam as chagas ao meu redor
E atento, com minha luneta, admirava a Ursa Maior
Que sempre me protegia de grandes apuros

Meus olhos fotografavam, espertos, todo o caminho
Mas as vezes se perdiam nos olhos de alguém
Encontrando-se em um plano bem mais além
Na direção de onde vento guardava o passarinho.