sábado, 24 de março de 2012

Mais Um Dia.

Nada mais que boemia
nada tão profundo que poesia
seja escrita por dor
ou pincelada de fantasia

Nada mais que mais um dia
no qual minha vida recria
em contos e prosas
em trechos viscerais de poesias

Aqui começa
e termina mais um dia
em que a noite esfria a mente
e esquenta as lentes da minha retina
em delírios e preces sem fé
sem santo, sem pranto e sem maré.

quarta-feira, 21 de março de 2012

A Dor de Um Poeta.

Hoje eu acordei com uma dor
levantei com dor de saudade
e senti falta da felicidade
que aquela atriz me trazia

Procurei por uma dor maior
então bebi até me sentir um rei
dei um tiro no dedo do pé
e a dor da saudade aumentou

Saudade daquela menina
saudade do dedo do pé
saudade da bala da carabina
que poderia me fazer esquecer.

Menina.

Eu já não tenho certeza
Menina Morena
pureza sem fim
se a tua tristeza
escondeu a tigresa
que arranhou minha pele

Eu encontrei o mistério
feito império real
que teu olhar sucumbia
e vesti a fantasia
das noites de adultério
que você maldizia

Menina, Menina
guarda a tua dureza
e as rendas da tua cortina
para os tempos de fraqueza
que sempre passam por aí
e fecha os olhos pra sonhar
só não esqueças de mim

As lágrimas do tempo
o vento seca sem dor
e em cada esquina
sua sina é só uma arte
seja no breu da noite
ou nos agrados dessa tarde

Tu não precisas do que não tem
Menina de cera e de aço
tu só precisas ficar bem
Menina, segue os meus passos
e ouça o canto dos pássaros
que sobrevoam tua mente.

terça-feira, 6 de março de 2012

Spes

Imaculada tristeza
Tão seca como o som da solidão
Que corta os gemidos dos ventos nas janelas
E desmonta a montanha de corpos em chamas

Nada parece tocar a pele celestial
E em carne viva o pecado se consume amargo
Desejado como a vida que outrora você quis
Mesmo com asas de fogo e cálices vazios

O mundo perdeu todo o seu azul e encanto
E as gotas de ouro não caem mais do céu
As coisas estão sendo sugadas pelo tempo
E deixando a máquina fora de controle

As portas estão se fechando estreitamente
E a luz da lua ainda tenta passar toda noite
Até quando teremos que queimar nossos sentidos
Pra vivermos os sonhos alheios.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Coisas Cinzas.

Encontramos nas cinzas da noite um recomeço
alguma palavra que nos mova a um começo
aquela tristeza que nos mostra conforto
e qualquer certeza diante do absorto

Olhando de perto o caos da cidade delirante
buscando nas estradas alguém também errante
somos majestades de ferro segurando uma cura
com lágrimas do tempo amassando alguma pluma

O cordão ainda está preso em nossas palmas
e nada parece cortá-lo, tirá-lo de nossas almas
porque ainda somos como crianças cansadas
que sorriem, que sentam e ficam caladas

As cinzas de cigarro queimam em cada esquina
e no chão se misturam as gotas das tristezas vizinhas
com o coração de aço e poeira nos dentes
estilhaço de alma que congelam em tempo quente

Tempo e espaço nunca ficam parados
enquanto esconde teus mistérios em lentos passos
e deixa seus olhos meio abertos esperando um feixe de luz
ou qualquer sacrifício doloroso diante da ardente prata da cruz.

Gritos Mudos.

Quero catalizar a dor com o veneno amargo que você tem
Embriagar-me com gotas de vinho e poesia
Deitar dormente em um mar de fantasia e gelo
Viajar ao som da sua flauta pecadora
E esquecer por duas vidas o que é sofrer
Porque as vezes as coisas não me parecem suficiente
E o traidor escuro da noite fecha meus olhos aflitos
Uma cegueira falsa
Uma força guerreira e constante
Uma luta interminável com o espelho
E contra o tempo que nunca cura minha dor
E como é difícil confiar nos meus sentimentos
Quando eles, simplesmente, desaparecem
Deixando só o vazio e um silêncio macio
Como os gritos mudos do meu inquieto espírito.

Caverna de Platão.

Sem expressão minha cabeça adormece
querendo afogar todo o sofrimento que me fere
e os sonhos nos quais estou morrendo
são os mais bonitos que já tive
mesmo que estejam me deixando louco
aprisionando o melhor de mim em um corpo de aço
e queimando meu espírito em um arquipélago de fogo

Acho que ainda me sinto como uma criança
um bebê brutalmente perdido
com medo da cruel separação
que encontra conforto nos campos de lírios
e que corre dos apuros dessa vila
buscando proteção na caverna de Platão
ou algum sentido palpável a vida.