domingo, 15 de maio de 2011

18:15

Era um convite pra morrer no pôr-do-sol
Debate sem conversa, carta sem destinatário
Prestava atenção na passagem do trem
E não mudava seu jeito em cada estação
Lia jornais da semana passada
Sujos de café, borrados de lágrimas
Nunca soube amar
Acostumou-se com sua rotina nublada
Sem sol, sem água
Sem festas, sem amigos, sem bebidas
Sem alguém que pudesse amar

Passava um tempo olhando sua janela
Sentada numa gasta cadeira de balanço
Seu relógio sempre parado
Sem pilha pra girar
Marcava a hora do sol cochilar
Mas um dia querendo mudar aquela vida
Pra nunca mais ter que sofrer
Na hora do sol morrer
Resolveu daquela janela se jogar
Rasgou o vento com seu corpo
Pra nunca mais voltar.

3 comentários:

  1. Da minha janela vejo uma sensibilidade incrível para transcrever sentimentos! Sem igual! Muito lindo, serei eternamente fã dos teus escritos.

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  2. Bela hora para rasgar o vento com o corpo,
    sem volta.

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